domingo, 24 de fevereiro de 2013

Muito massa... adorei esse texto que minha amiga Naiquelle Bomfim me mostrou, espero q vocês gostem tbém ..  e como eu sempre digo pra meus amigos que no jiu-jitsu a gente nunca perde... ou a gente vence uma luta ou a gente aprende...até na mais dolorosa derrota aprendemos algo preciso e na vida também é assim se desistirmos no primeiro problema, na primeira crise...nunca contemplaremos o céu azul quando a tempestade passar... Osss!!! e bons treinos!


Escrevi uma crônica, mas sou iniciante no jiu jitsu. Algumas coisas podem não bater. Está aqui:

Há situações que deixam desesperado, uma sensação forte de estar preso, uma agonia que aflora no corpo todo e um debater desenfreado e inútil tentando livrar-se. Até que vem a falta de ar e o enegrecer da vista. Em qualquer lugar, com vários problemas, pode-se ter essas sensações e isso é tão universal que podemos utilizar-nos das mais variadas metáforas para tentar entender algumas coisas da vida. A situação que descrevi foi um estrangulamento no jiu jitsu, mas poderia ser uma falência de uma empresa ou o término de namoro. E por essa facilidade de comparação foi que o jiu jitsu abriu a minha mente para várias peculiaridades dessa longa jornada.

Sou faixa branca, tanto na luta, quanto na vida. E nesta todos nós somos. É comum do faixa branca usar muita força, se desesperar e ser afoito. Depois de muito treino que entendemos que não adianta tudo aquilo, é preciso primeiro ter calma e com isso vem o pensamento. Seja numa crise financeira ou em um triângulo quase pra fechar, ficar batendo a cabeça em uma única tentativa, deixar o desespero tomar conta ou tentar desvencilhar-se com brutalidade não vão ajudar. Você vai precisar de calma e mãos e pernas bem colocadas, assim seu pescoço vai se livrando devagar da posição ou da última fatura do cartão de crédito.

Treinando eu entendi que é preciso prestar atenção aos nossos movimentos, pois até eles podem nos finalizar. Vi que não é vergonha nenhuma desistir, rever o que errou e tentar de novo. Tolo é aquele que é forçado à derrota, perdendo tudo na vida ou dormindo no tatame. Sempre haverá outra saída, você sempre rolará outra vez. Bater no tatame ou recuar na vida é um sinal de humildade e reconhecimento de sua fraqueza. Entender que ela existe e enfrentá-la o faz mais forte que aquele que resiste inutilmente. É simples, mas não é fácil. E vemos que com o tempo vamos nos familiarizando com a técnica, sabemos que temos que nos precaver, ter uma estratégia, saber como se defender, por vezes usar força, mas somente se necessário, e cada vez mais o jiu jitsu se assemelha a vida. Até em sua suavidade, vemos isso. Uma hora está tudo bem e você está resistindo bravamente no combate, então a vida ajeita a lapela do seu kimono, pisa no chão, calmamente, segura um cotovelo, trava uma perna e de supetão lhe raspa e aplica um estrangulamento fatal, resta você desistir ou apagar. Por isso prefiro essa metáfora a da roda gigante, nesta sempre sabemos quando vamos subir e descer, o jiu jitsu traz surpresas para quem não está preparado.
E não adianta querer viver tudo de uma vez, ou passar o dia inteiro na academia. Eu preciso passar por todas as etapas, e elas são demoradas e cheias de percalços e aprendizados. Preciso experimentar todas as faixas, tanto da vida, quanto da luta. A paciência é uma virtude fundamental e eu aprendi isso no jiu jitsu. E de tudo tira-se uma lição, de uma briga em casa, de um arm-lock, de um desentendimento no trabalho e com isso vamos lutando. Meu pai sempre me disse que a vida era uma luta. No tatame eu entendi que é verdade.

Twitter: @andrefilho

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